ZCAS e o Impacto no setor de energia

Zcas e o Impacto no setor de energia

O Brasil viveu este ano uma das maiores crises hídricas registradas e recentemente muito tem se comentado sobre o início da estação chuvosa e a importância deste período frente ao cenário atual. Desta maneira, um importante sistema de precipitação que ocorre durante esta época do ano é a Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Este sistema consiste em uma faixa de nebulosidade estacionária orientada de Noroeste para Sudeste (NW-SE) que se estende por milhares de quilômetros, podendo abranger uma posição mais a sul ou mais a norte em relação à média, que normalmente alcança desde a Amazônia até as regiões Centro-Oeste e Sudeste quase por completas. Quando posicionada mais ao sul que o normal pode incluir os estados do Paraná e Santa Catarina, enquanto que mais a norte influencia o oeste da Bahia e o sul do Piauí e do Maranhão. Sendo mais frequente e bem configurada entre o final da primavera e o verão do Hemisfério Sul (Quadro et al., 2016), mais rara nos meses de outono e inexistente no período de inverno (Nobre, 1988).

Figura 1 – Representação da Zona de
Convergência do Atlântico Sul (ZCAS)
Fonte: Climatempo

Há um grande interesse no entendimento e na previsão da ocorrência desse sistema por parte de profissionais de diversos setores, principalmente por estar associado a chuvas intensas e persistentes, podendo ocasionar enchentes e deslizamentos de terra como ocorreu no Rio de Janeiro, Petrópolis e Teresópolis em 2011. Assim como em anos atípicos com ausência da ZCAS, como no verão de 2014 e 2015, que favoreceu uma condição de seca extrema no Sudeste, contribuindo para a crise hídrica.

Impacto no setor de energia

Esse sistema está entre um dos principais fenômenos reguladores do tempo e do clima no Brasil, e durante o seu período de atuação (novembro a abril) afeta diretamente a geração e distribuição de energia elétrica principalmente na região Sudeste.

No setor hidrelétrico interfere incrementando o volume e a intensidade da chuva em algumas regiões brasileiras em que se localizam alguns dos reservatórios de água do SIN (Sistema Interligado Nacional). Desta maneira, quanto maior a quantidade de chuva que ocorre sobre os reservatórios das usinas, maior é o nível dos reservatórios e mais energia aquela usina poderá gerar de acordo com sua capacidade total. Isto pode ser observado na figura 4, onde conseguimos observar que os máximos de geração de energia acompanham os períodos de máxima precipitação, da mesma maneira que os mínimos de geração acompanham os períodos mais secos. 

Quando falamos em geração de energia eólica, a formação de sistemas precipitantes como a ZCAS altera o regime de ventos na região tanto em questão da direção quanto na magnitude. Consequentemente, por conta dessa variação dos ventos, as usinas acabam gerando menos energia. Na figura 4, pode-se observar que os máximos de produção eólica ocorrem justamente quando há o período de menor chuva no Brasil, mantendo o regime de ventos mais próximos da climatologia da região. É interessante notar que os menores valores de geração eólica ocorrem nos meses da estação chuvosa também. No entanto, não podemos relacionar diretamente a ZCAS com esta geração, uma vez que grande parte dos parques eólicos estão instalados na Bahia, Piauí e Rio Grande do Norte, onde há baixa frequência de ZCAS e maior ocorrência de fenômenos como o Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) – sistema associado a configuração da ZCAS – ou ainda a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).

Já na categoria de energia solar, ela ocasiona aumento ou diminuição dessa produção em função da variação da nebulosidade em áreas de manufatura dessa modalidade, quanto maior a fração de nuvens no céu, maior será a área de sombreamento dos painéis e menor será a produção dessa energia. Na figura 4, observa-se a geração solar entre 14 e 31 de dezembro de 2020 em Minas Gerais e pode-se notar que a menor geração ocorreu durante o período de ocorrência da ZCAS. É interessante ressaltar que nos períodos que antecedem oficialmente o início da ZCAS já ocorre o aumento de nebulosidade em função do avanço da frente fria – sistema associado a configuração da ZCAS – e por isso a geração de energia já começa a diminuir.

Figura 4 – Geração mensal de energia hidrelétrica, eólica e solar e a precipitação média mensal sobre as principais bacias do Brasil entre 2016 e 2021. Fonte: dados do ONS e de precipitação do merge do CPTEC.

Como pudemos perceber, a ZCAS pode ser heroína ou vilã, dependendo da região que está atuando e da modalidade de energia que está sendo gerada, porém, levando em consideração nossa matriz energética atual, a ZCAS costuma vir como uma solução ou um alívio para períodos de crise hídrica semelhantes ao que estamos presenciando atualmente.

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Fonte: ClimaTempo

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